sexta-feira, 26 de junho de 2009

OUTROS SONS


















OUTROS SONS
QUEM: GRAMOPHANTE, ÓCIOS E MORIBUNDOS
ONDE: CASA DE TAIPA CLUB (PARATIBE)
QUANDO: 18 DE JULHO - 19h
QUANTO: R$ 1,00

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Para Todos e Para Ninguém


Desde criança, aprendemos que a terra é redonda e que todas as pessoas devem ser felizes. Mas não nos alertaram sobre, depressão, metafísica e doenças do coração. Não nos falaram sobre, poesia nem sobre saudade, nem sobre a forma como se pergunta, nem sobre a forma como se deve responder. Nos ensinaram mal, queriam-nos fúteis e tributáveis, e no entanto apenas conseguiram nos tornar cotidianos. O inferno das contradições compõe nossa rotina de relógios, legislações e cordialidades como prova de ofício e honra ao mérito. Então, percebemos a falta de tempo, de justiça e de educação, como crianças que caminham em direção de uma decepção que seus pais não conseguiram engolir. Continuamos lutando contra isto, e contra toda a falta de talento que o ensino nacional quer lecionar. Apesar de termos recusado todas as tendências oportunistas e todas as outras que são apenas tendências; os Militares arrancaram do ensino normal, a Filosofia e a Sociologia e nos empurraram OSPB, Práticas Comerciais e Ensino Religioso. A resultante desta extorsão é toda nossa vocação para a revolta. Mesmo que tímida, nossa revolta é compulsória, e delimita nossa inteligência com pensamentos que os conservadores endentem por cronicamente inviáveis. Os conservadores já estão mortos. Mas a persistência do pensamento pequeno que se arrasta por decisões irrisórias, permanece animando a governabilidade de muitos países, incluindo o Brasil. Paralelo ao despotismo da nossa política, a televisão insiste em deseducar os já deseducados, numa produção de intelectuais uniformizados e confusos. Nós não podemos e nem queremos estacionar nossa transgressão. Poderíamos ter sido mais do que nossos pais imaginaram, mas não conseguimos nos entender com a hipocrisia. Antigamente comunista comia criancinha, fofão tinha pacto com o demônio, morrer de AIDS, apesar de trágico, era muito mais romântico do que morrer de tuberculose, e ser poeta era somente vadiagem. Eles nos têm como simples operários do sistema que combatemos. Então pra que um vestibular se é pra diplomar um bando de fracassados. Meu pai sempre me disse pra rezar pela cartilha de quem é correto: “acredite em Deus, na família e na propriedade”. Depois da lógica, Deus morreu como cristo na cruz, só que ainda permanece a Igreja Católica combatendo a camisinha a as células-tronco. Num mundo de historias vãs, a última coisa que queremos é morrer diante da falta de imaginação para com a vida que carregamos. Agora sabemos, que a educação e a moralidade, tem sido o grande mal para quem esta disposto a liberdade. Os espíritos livres sabem da importância da verdade, ainda que a verdade seja um soco no estômago de quem a busca.


domingo, 28 de setembro de 2008

Arrebatadores Profanos


Estes arrebatadores profanos de hoje, jovens até que se provem o contrário, serão todos uns grandes conservadores em sua maioria, com tributos em dias, honras ao mérito, sorriso de pronto expediente e moral ilibada, ao menos onde se queira preservar o respeito em detrimento dos desejos sexuais. Serão então homens e mulheres práticos, os mais condizentes com a norma culta dos padrões de províncias sem tamanho, que de tão humanas se confundem com o ânus da moralidade.

Há também, arrebatadores profanos que serão sempre profanos, sem importar a idade, pois nas paisagens sociais onde o “Deus Mercado” fudeu com tudo e com quase todos, tudo é permitido, a qualquer tempo e a qualquer gosto; doa a quem doer... E qualquer condição de esforço explicativo, que subverta a lógica das condutas daqueles cujo pudor há muito foi posto a prova na roda dos enjeitados, não dará conta da realidade, ou de qualquer sonho de transformação que proponha a revolta coletiva.



Tom Zé - Todos Os Olhos (1973)





domingo, 2 de dezembro de 2007



Carta a Mário de Sá-Carneiro


Escrevo-lhe hoje por uma necessidade sentimental - uma ânsia aflita de falar consigo. Como de aqui se depreende, eu nada tenho a dizer-lhe. Só isto - que estou hoje no fundo de uma depressão sem fundo. O absurdo da frase falará por mim. Estou num daqueles dias em que nunca tive futuro. Há só um presente imóvel com um muro de angústia em torno. A margem de lá do rio nunca, enquanto é a de lá, é a de cá; e é esta a razão íntima de todo o meu sofrimento. Há barcos para muitos portos, mas nenhum para a vida não doer, nem há desembarque onde se esqueca. Tudo isto aconteceu há muito tempo, mas a minha mágoa é mais antiga. Em dias da alma como hoje eu sinto bem, em toda a minha consciência do meu corpo, que sou a crianca triste em quem a vida bateu. Puseram-me a um canto de onde se ouve brincar. Sinto nas mãos o brinquedo partido que me deram por uma ironia de lata. Hoje, dia catorze de Marco, às nove horas e dez da noite, a minha vida sabe a valer isto.No jardim que entrevejo pelas janela caladas do meu sequestro, atiraram com todos os baloucos para cima dos ramos de onde pendem; estão enrolados muito alto; e assim nem a ideia de mim fugido pode, na minha imaginacão, ter baloucos para esquecer a hora.Pouco mais ou menos isto, mas sem estilo, é o meu estado de alma neste momento. Como à veladora do "Marinheiro" ardem-me os olhos, de ter pensado em chorar. Dói-me a vida aos poucos, a goles, por interstícios. Tudo isto está impresso em tipo muito pequeno num livro com a brochura a descoser-se. Se eu não estivesse escrevendo a você, teria que lhe jurar que esta carta é sincera, e que as coisas de nexo histérico que aí vão saíram espontâneas do que me sinto. Mas você sentirá bem que esta tragédia irrepresentável é de uma realidade de cabide ou de chávena - chia de aqui e de agora, e passando-se na minha alma como o verde nas folhas.Foi por isto que o Príncipe não reinou. Esta frase é inteiramente absurda. Mas neste momento sinto que as frases absurdas dão uma grande vontade de chorar.Pode ser que, se não deitar hoje esta carta no correio amanha, relendo-a, me demore a copiá-la à máquina, para inserir frases e esgares dela no "Livro do Desassossego". Mas isso nada roubará à sinceridade com que a escrevo, nem à dolorosa inevitabilidade com que a sinto.As últimas notícias são estas. Há também o estado de guerra com a Alemanha, mas já antes disso a dor fazia sofrer. Do outro lado da Vida, isto deve ser a legenda duma caricatura casual. Isto não é bem a loucura, mas a loucura deve dar um abandono ao com que se sofre, um gozo astucioso dos solavancos da alma, não muito diferentes destes.


De que cor será sentir?


Milhares de abracos do seu, sempre muito seu,


Fernando Pessoa



P.S. - Escrevi esta carta de um jacto. Relendo-a, vejo que, decididamente, a copiarei amanha, antes de lha mandar. Poucas vezes tenho tão completamente escrito o meu psiquismo, com todas as suas atitudes sentimentais e intelectuais, com toda a sua histero-neurastenia fundamental, com todas aquelas intersecções e esquinas na consciência de si-próprio que dele são tao características...


Você acha-me razão, não é verdade?


(em 14 de Março de 1916)

sábado, 28 de julho de 2007

GRAMOPHANTE?

O rock não acabou! Certamente o clichê "sexo, dogras e rock'n roll" esteja ultrapassado diante da constante necessidade de transgressão. Não poder haver dor no rock. Por conta disto trangredir as fórmulas se torna necessidade, prazer supremo dos embriões do novo tempo. E para tanto, subverter o cotidiano resulta em delírio. Porque não um power trio somado a uma voz pouco provável? Nada seria tão saturado, se não fosse as intenções de destruição da verdade e e de submissão da certeza. Não respeitamos o que é sólido, por isso somos um " trio poderoso" composto por quatro corações desasjustados e completamente imersos num sem-fim de barulhos líquidos e efeitos transitórios de longa duração. O rock não precisa ser salvo! GRAMOPHANTE, o eterno retorno.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Morfina




Então fiquemos com a possibilidade do futuro, pois nada será como antigamente... (Contudo houve flores no meu jardim)Aquela velha idéia sobre o mundo, ficou menos colorida... compramos o idérario do mundo prestes a vencer com toda a sorte de coisas superficias. Alguma coisa entre o fracasso estético e a ânsia pelo novo, algo que regenera as intenções e reafirma a relação com um outro mundo: a eterna luta por coisa alguma, é uma juventude problemática. Então, tragam três pratos de tripa para um tigre triste ou me deixem ir sozinho para o inferno, com toda minha desiluzão com o mundo. Já que o silêncio purifica o tédio do lado de fora da casa, não há motivos pra esconder o cansaço. O mundo escolheu a si mesmo. Guardei o melhor disco na estante da sala, só pra imaginar o quanto fui distante... comprei cigarros que nunca irei fumar e uma jaqueta pra dias de calor... Fui ao bosque e só encontei ervas daninhas... Ainda ouço do outro lado da rua, o mundo que poderia ter sido... fora da paisagem e completamente entorpecido pelo veneno servido gelado...

sábado, 17 de fevereiro de 2007